A morte da memória talvez seja o grande tema da teoria da comunicação contemporânea, apontando o dilúvio de informação que baixa (e depois retorna) da nuvem da internet como maior culpado pela fragmentação do passado em infinitos casos do presente.
Conta o esfacelamento e a banalização do passado, a memória insurge-se como princípio aglutinador - da oceânica e onívora fabulação de Roberto Bolaño à literatura hiperdigressiva de David Foster Wallace, passando pelo enciclopedismo de W.G. Sebald - e ponto de partida para a criação de um romance que, mais que mero registro, pretende investigar a própria capacidade humana de recordar, guardar, preservar.
De modo ainda mais pessoal, esta matéria-prima é também a do norueguês Karl Ove Knausgard, que aqui inicia a proustiana saga "Minha Luta", de 3.000 páginas. O narrador, com 39 anos, se vê às voltas com as dificuldades para confrontar o passado rebelde e o presente conformista, em que precisa criar dois filhos - e a própria obra que presenciamos surgir diante de nossos olhos.
Tradução: Leonardo Pinto Silva
Editora: Companhia das Letras
Valor: R$ 49,50
512 páginas
Avaliação: Ótimo
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