Mais um português fofoleto entre nós. Parece uma praga. A nau da vez desembarca sob a voz de Nuno Camarneiro, gajo se 35 anos que neste segundo romance abiscoitou o prestigioso e caro prêmio LeYa (cem mil euros). Mas fala-se de fofo aqui não por sua carteira, e sim pela linguagem simples e pela comovida compaixão destinada a seus personagens. Todos vizinhos de um mesmo prédio, situado à beira-mar - embora tenha as janelas estranhamente voltadas para um pátio interno.
Uma viúva que fala com o gato, um homem sonhador, um bebê destemido, uma família aparentemente razoável, um padre doente da fé, um apartamento vago. Em plena véspera de Natal, os oito vizinhos são assombrados por uma queda de energia, que deixará suas vidas em suspenso até a chegada do Ano-Novo.
A par da cândida e exata linguagem, nada dada a viagens, o crédito do romance surge por conta da curva dramática - que, ao fim da jornada, supera sua lusa e oceânica melancolia na direção de uma ressurreição de face cristã.
Autor: Nuno Camarneiro
Editora: Leya
Valor: R$ 34,90
200 páginas
Avaliação: Bom
Nenhum comentário:
Postar um comentário