A vida, segundo Boris Vian, como dente que estraga de repente, que dói, e então você o sente, coisa doída que, para ser resolvida, só sendo arrancada, a vida. A morte, para Poe, como o corvo sinistro que, no umbral da consciência, não faz senão repetir "nunca mais", decreto da finitude de todas as coisas. É de imagens fortes assim e versos clássicos, desde o século 16, que se faz essa coletânea de traduções de Alexei Bueno.
Também ele grande poeta, qualidade que se nota nas recriações fluentes e fidedignas do monólogo de Hamlet sobre o ser ou não ser - novamente a tensão entre as agonias antagônicas do viver e do morrer - u do périplo místico de São João da Cruz pela noite da alma. Ou ainda do "Sol negro da melancolia" de Gérard de Nerval, do nojo e do tédio existenciais de Leopardi e de um poema de juventude do colombiano José Asunción Silva, que esboça protesto "otimista" contra o negrume de quem só vê sombra, luta e ferida - motivos que viriam a falar mais alto no desfecho trágico do magistral poeta suicida.Autor: vários (org. Alexei Bueno)
Tradução: Alexei Bueno
Editora: Record
Valor: R$ 39,90
144 páginas
Avaliação: Ótimo
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