Num futuro próximo, um Estado totalitário decretou guerra às doenças. Agora, os cidadãos são constrangidos pela lei a fazer exercícios físicos e exames clínicos regularmente. Nessa sociedade asséptica, obcecada pela saúde, tudo o que antes prejudicava o bem-estar pessoal - cigarro, álcool, drogas, etc. - tornou-se o pior inimigo político do bem-estar social.
O mais interessante neste romance é que a distopia imaginada pela alemã Juli Zeh foge um pouco das convenções do gênero. Em geral, Estados distópicos como o de "1984", de George Orwell, e o de "Fahrenheit 451", de Ray Bradbury, não deixam dúvida quanto à sua natureza perversa e demoníaca.
Mas, se a autora teve a intenção de horrorizar o leitor, mostrando uma sociedade em que a saúde física é também "uma virtude espiritual, política e social", confesso que comigo não funcionou. A distopia de "Corpus Delicti" me pareceu, durante quase toda a leitura, uma utopia bastante desejável.
Tradução: Marcelo Backes
Editora: Record
Valor: R$ 39,00
256 páginas
Avaliação: Bom
Nenhum comentário:
Postar um comentário